Maquiagem como Ferramenta de Autoconfiança
Já aconteceu de você se maquiar e, como num passe de mágica, se sentir mais bonita? Ou mais poderosa? Quem sabe… mais confiante? Se você já experimentou essa sensação, então você já conhece o poder da maquiagem.
Até há alguns anos eu não conhecia o poder da maquiagem. Eu pensava em maquiagem como futilidade, coisa de quem não tinha muito conteúdo na cabeça, assim como moda (bolsa, sapato, etc.), sabe? Se não sabe, que bom! Sua experiência é diferente da minha. Lembro quando tinha uma festinha, lá pelos meus 14 anos, e minha mãe dizia: “Vai colocar uma maquiagem nessa cara, minha filha!”. E lá eu ia aplicar lápis de olho e batom marrom, porque era moda… Quando eu voltava ela dizia: “Minha filha, tu ainda não foi te pintar?” (Para quem não sabe, pintar é como as antigas gerações se referem ao ato de se maquiar. Haha.). Eu ficava chateada, porque eu já tinha colocado lápis de olho. O que mais ela queria? Hoje sou eu que digo para ela ir passar uma base na cara, porque pó facial não é maquiagem!
Eu nunca tive problemas com minha imagem. Minha insegurança sempre se manifestou de outras formas… Sempre estive acima do peso, nunca usei maquiagem, meu cabelo nunca foi super bem cuidado, mas, ainda assim, sempre me achei bonita. Para não dizer que nunca usei maquiagem, durante o tempo que eu vivi nos Estados Unidos eu aprendi a incorporar a maquiagem no meu cotidiano. Eu não tomava café da manhã para poder usar aqueles minutos para aplicar base, sombra, máscara de cílios e gloss. Diferente da minha escola no Brasil, de cunho religioso, onde o uso de maquiagem era terminantemente proibido, na escola pública da pequena localidade americana a maquiagem era padrão dentre as meninas mais “descoladas”, ou seja, não apenas as populares, mas aquelas que tinham interesse em ser notadas, principalmente pelos meninos. Lá eu me cuidava. Eu fazia escova no cabelo todos os dias, maquiava todos os dias, não usava só tênis… Ainda assim, continuava tendo as melhores notas, junto com minhas amigas que também seguiam os mesmos, ou mais, rituais diários de beleza. Nesse momento eu notei que maquiagem poderia ser parte da vida e não um estilo de vida.
Quando voltei para o Brasil e meu colégio, voltei às regras de antes e abandonei tudo. Tanto que só usava maquiagem quando voltava para os Estados Unidos e quando tinha uma festa grande, como casamento e formatura. Quando entrei na faculdade, no curso de biologia na universidade federal, as chances de voltar a usar maquiagem no dia a dia morreram de vez. O campus da minha universidade reunia a maioria dos cursos de ciências humanas e da terra, o que gerava um festival de roupas em tons terrosos, verdes e pastéis. Cores vibrantes não eram bem vistas…
Foi lá por 2010 que a beleza começou a ganhar mais espaço na mídia, se não me engano, com a febre dos esmaltes explodindo em todo o país. Eu me entreguei a essa febre. Comecei a cuidar das unhas e das cutículas e adorava. Como uma coisa leva a outra, comecei a acompanhar blogs de esmalte e maquiagem, graças ao antigo Google Reader que reunia tudo em um lugar só e fazia a vida da gente mais fácil. Hoje, eu uso o Feedly e não dou conta de ler todos os meus feeds! Como eu ainda estudava no campus, a maquiagem não era bem vista. Lembro de fazermos piadinha sobre as estudantes de alguns cursos notórios pela beleza das universitárias, como farmácia e odontologia, dando a entender que eram fúteis… Essas coisas infantis que fazemos quando achamos que somos maduros, sabe? Pois é. Quem nunca? Além disso, no meu ambiente de trabalho, que era o próprio campus, havia uma certa hostilidade quando qualquer pessoa chegava mais arrumada, mais “bem cuidada”. Hoje eu vejo como é besteira se importar com o que os outros pensam e com o que os outros vestem!
Em janeiro de 2011, meus pais e eu fomos a Nova York. Não sei se entra naquela questão de eu relacionar maquiagem com o país, mas eu lembro de escolher com antecedência os produtos de beleza que levaria. Eu ainda não utilizava base e BB Cream não era uma realidade, então todos os dias eu aplicava hidratante, pó facial, sombra em tom pastel na pálpebra móvel, máscara de cílios e gloss. Nossa, como eu me sentia bem! Mesmo não sabendo qual era a maquiagem certa para minhas feições, eu me sentia linda com aquela mudança tão pequena. Na verdade, eu sempre me sinto melhor e mais bonita no exterior… Acho que é o fato de não passar tanto calor! Haha. Naquela viagem, eu fui pela primeira vez na MAC e na Sephora. Ao longo do ano, eu comecei a usar maquiagem, de leve, com mais frequência, para as saidinhas aos restaurantes e tal. Nesse ano, eu também fiz minha primeira compra de beleza online: base, blush e pó mineral.
Em 2012, eu fui de novo. Dessa vez fomos só eu e a mãe e fizemos uma peregrinação nas farmácias e Sephoras porque já tinhamos uma lista! Minha mãe se acertou com um pó da Revlon e queria fazer estoque. Eu, que tinha perdido minha mochila ao chegar na cidade, perdi praticamente todas as maquiagem que eu tinha na vida, as quais cabiam em uma necessaire. Assim, comprei os itens da minha listinha sem culpa e ainda fiz a reposição dos que havia perdido. Eu tinha achado uma lojinha com preços tão bons, que ainda trouxe umas máscaras de cílios da Revlon prazamigue. Essas novas aquisições me deram gás para experimentar e usar maquiagens. Minha rotina de maquiagem se tornou a aplicação do corretivo, protetor solar com cor e máscara de cílios. Nossa! Como máscara faz diferença na vida de uma pessoa com pálpebra gordinha! Até hoje me sinto pelada sem… Nessa época eu também já não tinha mais sobrancelhas, como mostrei em post específico, então desenhava as falsas todo os dias, o que me deu experiência com produtos como lápis, sombras, etc.
Desde 2012, o interesse foi se acentuando, mas foi ao longo de 2013 que a coisa se desenvolveu. Em 2012 eu tive que tomar algumas decisões sobre futuro. Desde o início da faculdade eu já sabia o caminho que queria seguir e o que precisava fazer para tal. Mas em 2010, comecei a ter dúvidas. E geminiana com dúvidas, minha amiga, é problema em vista. Como eu nunca aceitei muito bem a idéia de estar errada, eu engoli a dúvida e segui em frente, pois já estava no caminho e não poderia parar. Até que parei. Resolvi rever os planos e me vi sem sentido. Não sabia o que fazer e fui entrando em crise, me sentindo mal por ter escolhido um caminho profissional sem muitas expectativas, com muito mais dúvidas do que quando comecei e aí já viu: depressão à vista. Passei um bom tempo sem saber sequer do que eu gostava, pois tudo parecia sem graça. Em junho de 2013 eu criei o blog em uma tentativa de postar ali o que me chamava a atenção e redescobrir (ou mesmo descobrir) o que eu gostava. Logo vi que comida e dicas/ produtos de beleza (em específico maquiagem) era o que eu tinha vontade de compartilhar. Fiz um curso rápido de confeitaria internacional e outro de brigadeiros gourmet, sem contar o de cupcakes que já havia feito também. Gostava do resultado de fazer uma boa comida, de comer e ver que as pessoas ficavam felizes comendo também, gostava de ver sites de receitas… Mas eu ficava ainda mais feliz passando tempo na frente do espelho, no youtube e em blogs de beleza. Assim como cozinhar, era um momento que eu ficava sozinha, de bem comigo mesma. A diferença é que ao cozinhar eu presto atenção na comida, e ao maquiar a atenção está em mim. E eu gostei de prestar atenção em mim. Parece não haver relação, mas ao prestar atenção em mim eu comecei a pensar em quem eu era, porque fazia aquilo, porque havia escolhido tal e tal coisa. Comecei a pensar na vida e como eu cheguei até aqui e por quem. E isso levantou diversos questionamentos, mas fez bem. Me fez querer estar comigo mais e mais, e assim eu passava mais tempo na frente do espelho, conhecendo minha face e a mim mesma. E isso me fez querer fazer isso para outras pessoas.
Como uma coisa leva à outra, eu resolvi fazer um curso de maquiagem profissional no SENAC. Aprendi diversas coisas, mas o melhor de tudo: maquiagem é uma forma de expressão que te dá liberdade de criação e execução. E vindo de uma carreira científica, liberdade é muito bem vinda! Na mesma época conheci Mary Kay e entrei para a empresa. Eu sou consultora da marca, adoro os produtos, mas não me despertei para a “carreira Mary Kay”. Embora seja algo extraordinário, acho que não me encaixo no perfil porque eu não quero “vender” a beleza, quero “vender” autoconfiança e ainda não soube encaixar as duas coisas. No entanto, vi como uma oportunidade de ajudar outras pessoas que, como eu, não se davam muita atenção. Esse também foi meu intuito com o curso de maquiagem. Minha idéia não é deixar uma mulher bonita, é ensiná-la a se deixar bonita, passar tempo consigo mesma, para que ela mesma faça florescer sua auto-estima sem precisar de terceiros. Gostaria que todas as mulheres se dessem essa chance de se enxergar, enxergar sua beleza, suas vontades e suas verdades.
Tenho a impressão que passamos a vida olhando para fora, para os outros, seguindo os outros e o que ditam ser bom, certo e bonito. Passamos a vida seguindo verdades que não são nossas e sequer temos noção de que isso ocorre. A mudança que tive nesses últimos anos foi devido ao fato de entender que eu não estava seguindo minhas vontades, minha verdade, e sim a dos outros. Não é nada fácil se dar conta disso e, uma vez que você entende, é ainda mais difícil ter coragem de mudar tudo e procurar quem você é de verdade. Ainda bem que tive (e tenho) essa oportunidade. Acho que se isso não ocorresse no momento em que se deu, ocorreria mais tarde. Sabe quando você vê aquela mulher de 45-50 anos se vestindo e agindo como adolescente e concorrendo com a própria filha? Eu acredito que isso acontece porque ela não teve oportunidade de fazer o que queria no momento certo. Ela não sabia o que queria, apenas seguiu o que todos seguiam, então agora quer “tirar o atraso”. Não, eu não estou dizendo que toda mulher vai virar “piriguete” com 50 anos, só estou dizendo que quando fazemos escolhas baseadas no que é o “certo” ou o padrão, podemos nos surpreender mais tarde ao notarmos que aquela escolha não refletia o que queríamos no momento.
Eu sei que parece um mundo à parte, uma coisa nada a ver com a outra, mas tenho certeza que a maquiagem me fez repensar meu modo de vida. E com o aporte de blogs e mídias que tratam do assunto, vejo que quase ninguém entende a maquiagem como uma ferramenta de autoconfiança da mulher. E autoconfiança é segurança e segurança é poder. Poder para saber o que é melhor para você, o que você quer fazer, quem quer ser e o que quer seguir. Quando eu me sinto bonita eu tenho a impressão que posso conquistar o mundo! A sensação é ótima… E as pessoas notam isso em você. Isso pode ser bom para aquela pessoa que está na procura de uma vaga de emprego, na procura de uma maneira de se inserir no mercado, às vezes na procura de um olhar sedutor, quem sabe até do próprio marido! Eu acredito que tudo isso a maquiagem pode fazer por você. Tudo isso você pode fazer por você, mas algumas vezes precisa de um empurrão, algo que lhe deixe mais confiante.
A confiança, a segurança e a alta autoestima vem de dentro. Em geral, se você não se sente bonita, não importa quantas pessoas lhe digam que está bonita, você não dá bola. Números impressionantes com relação a como a mulher se enxerga diz que apenas cerca de 4% das mulher se acham verdadeiramente bonitas. Não é para menos que o mercado da beleza cresce a cada dia, 96% das mulheres do mundo não se gostam de verdade! É muita coisa! Eu acredito que a confiança vem de dentro, mas que para acessá-la, talvez precisamos de uma ajudinha externa. A minha, veio em forma de maquiagem.
É claro que eu não sou 100% satisfeita comigo mesma, mas se tivessem me entrevistado para essa pesquisa, eu estaria entre os 4%. Se alguém me perguntar se me acho bonita, a resposta será sempre sim. Se eu não achar, quem vai achar? A amiga? Fala sério, não é à toa que a música “Beijinho no Ombro” fez tanto sucesso. Poucas são as pessoas que realmente ficam felizes por você. Eu atribuo essa tal inveja, ou “recalque”, à falta de autoconhecimento e autoconfiança. Se você está feliz consigo mesma não sentirá inveja, não desejará o mal, apenas viverá sua vida segura de que aquela é a vida que quer viver. Todo mundo tem problemas, mas parece que a mulher tem prazer em ressaltar os das outras mulheres e depreciar aquilo que as outras tem de bom, embora esteja morrendo para ter a mesma coisa. Acredito que isso seja falta de amor próprio, de segurança no caminho que escolheu, porque quem está de bem vê o lado bom da vida, independente de quem brilha naquele momento.
É por tudo isso que defendo a maquiagem como ferramenta de autoconfiança. Com base na minha experiência pessoal, eu acredito que mais pessoas podem se beneficiar do simples fato de sentar-se em frente a um espelho com um estojinho de maquiagem e brincar consigo mesma. Colocar sombra azul, lápis verde e batom roxo e analisar o resultado disso. Como você se sente? E com uma sombra marrom, lápis preto e batom nude? Como você se sente? Como VOCÊ se SENTE?
“Mas Raquel, eu não tenho tempo para isso!”. Se você não tem cinco minutos para se olhar no espelho é porque você não quer se olhar no espelho. Tem medo do que vai ver ou pode ter medo de mexer com aquela pessoa que te olha de volta… Se você não tem tempo para você, então você é quem mais precisa. “Ai, é fácil falar, né? Você não tem filhos, não tem jornada de trabalho de 44 horas semanais e não tem que chegar em casa e cuidar de tudo porque o bofe não levanta um dedo blablablá…”. Cada um sabe “onde aperta o sapato” e cada um sabe da sua realidade. Deixo aqui apenas uma dica: tenha tempo para você. Ingresse aos poucos, bem devagar, no seu próprio tempo, nesse árduo caminho do autoconhecimento. Ele oferece ingresso por diversas portas como meditação, yoga, religião, astrologia, espiritualidade… Eu entrei pela janela. Ou seria pela janela da alma, já que entrei ao olhar nos meus olhos? Não sei. Mas sei que estou tentando me manter nesse caminho e me encontrar com as demais ferramentas!
Você já deve ter notado como o mundo está violento. As redes sociais emanam ódio por todos os lados. Eu não sei, não… Mas acho que isso entra naquele aspecto citado acima: amor próprio e autoconhecimento. Acho que as pessoas transmitem aos outros o ódio que sentem de si mesmas. Não estamos acostumados nem fomos ensinados a olhar para dentro de nós mesmos e sabermos o que sentimos e como nos sentimos com relação às coisas. Tudo nos é imposto, mesmo que inconsciente, de fora para dentro e nos é negado muitas vezes o direito de sequer pensar àquele respeito de outra forma. Tenho certeza que isso vai se acumulando e um dia explode. Cada um extravasa da maneira que sabe ou pode. Alguns tem inveja, alguns inventam mentiras, outros batem nas mulheres, outros nos filhos, outros roubam, outros matam, outros… Do menor ao maior, os males estão aí e afetam de alguma forma a todos nós.
“Ai, Raquel, que viagem essa! Que uma coisa tem a ver com a outra?”. Eu acredito no efeito borboleta. Sorry! Por exemplo, entre diversas outras razões, acredito que as pessoas batem porque não sabem lidar com seus sentimentos (autoconhecimento) e se deixam bater por não saber o seu valor (autoestima). E seu valor não virá de ninguém além de você mesmo, logo, da sua autoconfiança.
Por tudo isso, tenha certeza de que suas escolhas são suas e refletem a sua vontade e a sua verdade, que não está apenas seguindo a corrente. “Mas Raquel, que raio de verdade é essa?”. Verdade é aquilo que a gente sente. Sabe o sentir? Sentir é algo que deixamos cada vez mais para trás, mas é o que mais precisamos na vida! Não costumamos dar voz ao sentimento, à intuição que todos temos. Essa é a nossa verdade, o que sentimos ser real e verdadeiro, o que nos faz bem. Por isso eu acredito que a beleza está em tudo aquilo que nos faz bem, porque nesse sentimento está a nossa verdade. Eu sei que nem sempre é possível fazer só o que nos faz bem, mas podemos tentar ao máximo, certo?
Eu não sei de que forma exatamente vou fazer, mas quero ajudar mulheres a encontrar sua verdade, começando pelo simples ato de olhar-se no espelho. Quem sabe assim ela possa rever seus conceitos? Quem sabe, prestar atenção em seus sentimentos? Quem sabe, rever suas ambições? Quem sabe assim ela possa, como eu, dar início a longa jornada que é encontrar a si mesma?